Projetos
Ecologia de Orthoptera
Determinantes ambientais da biodiversidade de grilos (Orthoptera, Grylloidea) de serapilheira
Coordenador: Carlos Frankl Sperber
O subprojeto “Determinantes da biodiversidade de Orthoptera do Brasil” se insere no Plano de Integração da Rede de Pesquisa "Biota de Orthoptera do Brasil" em termos metodológicos, logísticos, estratégicos e científicos. Neste estudo, visamos ampliar o conhecimento e entendimento da biodiversidade de ortópteros no Brasil, avaliando os determinantes locais e regionais da diversidade, incluindo padrões e processos ecológicos e suas relações com potenciais variáveis ambientais explicativas em diferentes biomas brasileiros. Nossa pergunta central é “Por que a diversidade de ortópteros varia entre locais?”.
Para isto estamos analisando a correlação de riqueza, equidade e composição de espécies de ensíferos (Orthoptera: Ensifera) com variáveis ambientais locais (estimadores de disponibilidade de recursos, condições ambientais e risco de predação), regionais (área de hábitat contínuo, isolamento, latitude, altitude, área total do bioma e fitofisionomia) e partição aditiva da diversidade regional (gama) em diversidade local (alfa) e troca de espécies em diferentes escalas (beta).
Para a amostragem e morfoespeciação dos grilos foram montadas em cada área 30 conjuntos de cinco armadilhas enterradas (tipo pitfall), com uma distância de pelo menos 30m entre conjuntos, e 2m entre armadilhas do mesmo conjunto. As armadilhas são mantidas por 48 horas no campo. Assim, o esforço de coleta por área amostrada é de 150 armadilhas (n=30). Os ortópteros capturados são analisados pelos especialistas em taxonomia de grilos. Junto a cada armadilha são mensuradas 12 variáveis ambientais, potencialmente relacionadas a regulação “ de-baixo-para-cima” (bottom-up) e “de-cima-para-baixo” (top-down) das populações de grilos, envolvendo recursos, condições e predação.
Com relação aos recursos, utilizamos o peso da serapilheira, medida reunindo a serapilheria interceptada pelas cinco armadilhas de cada unidade amostral como um estimador da produtividade do ecossistema. Além disto, avaliamos a disponibilidade de frutos na serrapilheira, em uma circunferência de 80cm de raio, a partir do centro de cada pitfall. Como estimadores complementares de produtividade do ecossistema, avaliamos o tamanho das árvores e a densidade destas, utilizando a metodologia de ponto-quadrante centrado em cada um dos locais em que montamos pitfalls.
Para medir condições, são feitas fotografia digital, com a câmera posicionada a 1,7 metros da superfície do solo e com a ocular voltada para cima, no local do pitfall central de cada conjunto de cinco armadilhas. Através das fotografias e com auxílio do software Gap Light Analyzer (GLA) (Frazer et al. 1999), obtivemos a proporção da cobertura de dossel para cada ponto amostral. Avaliamos outras quatro variáveis ambientais relacionadas à umidade ambiental: presença de fungos na serapilheira, umidade do solo, umidade e temperatura do ar e incidência luminosa.
Para avaliar o risco de predação, após o recolhimento dos pitfalls, isca de sardinha sobre uma folha de papel de cerca de 10 cm2, colocada sobre a serapilheira a cerca de 3m de cada armadilha, e observadas durante 3 minutos. Mensuramos o tempo até o primeiro contato de formigas com a isca, que consideramos como tempo de ataque. Além disto, mensuramos a profundidade da serapilheira, junto a cada armadilha, e consideramos como potencialmente correlacionada à disponibilidade de abrigo contra predadores.