Painéis

Comportamento reprodutivo do grilo de arbusto Cranistus colliurides (Orthoptera, Gryllidae) - V Simpósio de Orthoptera - XXX Congresso Brasileiro de Zoologia - 2014

O comportamento reprodutivo dos grilos apresenta diferentes níveis de complexidade, desde o emprego do som de chamado, até rituais de corte e cópula com canais multimodais de comunicação, tornando esse grupo de grande interesse para testar hipóteses sobre seleção sexual. O objetivo desse trabalho foi descrever o comportamento reprodutivo de Cranistus colliurides, desde o reconhecimento sexual até o comportamento pós cópula. Foram capturados 15 machos e 17 fêmeas, de fevereiro a abril de 2013, em arbustos nos arredores do Campus Universitário de Capão do Leão, UFPel, RS. Os encontros foram realizados (n=40) em arenas de vidro de 15 cm de diâmetro por 10 de altura, entre 21 e 28ºC e iluminação ambiente, e registrados com filmadora Sony DCR-SR68. Após a introdução do casal na arena, ocorre antenação, o macho se posiciona de costas para a fêmea, ergue as tégminas e inicia a corte, que inclui simultaneamente estridulação contínua, vibração dorsoventral do corpo, movimentação ântero-posterior dos palpos e vibração das antenas; a fêmea promove antenação na região dorsal do macho, incluindo pernas posteriores e tégminas. Na seqüencia, o macho posiciona suas asas posteriores lateralmente e expõe a genitália e o espermatóforo. Após a corte, o macho abaixa as tégminas, se aproxima da fêmea posicionando-se sob ela e inicia a cópula. Antes da transferência do espermatóforo, o macho agita o corpo lateralmente, enquanto a fêmea tateia com seus palpos labiais e maxilares a região dorsal e lateral do pronoto e abdome do macho. A cópula termina quando a fêmea sai de cima do macho, e ambos ficam de costas um para o outro por alguns segundos, até a separação. O comportamento pós-cópula do macho inclui tremulações bruscas dorsoventrais, estridulação intermitente e perseguição à fêmea. Tempo médio de duração dos eventos em segundos: antenação ao início da cópula 1216±428 (720-2280, n=26); antenação à eversão da genitália 610,3±552,5 (120-2280, n=29); eversão da genitália à exposição do espermatóforo 49±10,3 (24-69, n=27); exposição do espermatóforo ao início da cópula 670,6±78,7 (500-768, n=25); duração da cópula 53,5±42,8 (5-158, n=26); antenação até o término da cópula 1287,7±417,5 (780-2400, n=26). Sugerimos que o tempo gasto durante a corte é necessário para a produção do espermatóforo e para que a fêmea avalie as qualidades genéticas do macho. A cópula é rápida, pois o espermatóforo é transferido para a fêmea, e para evitar que esse seja retirado antes de ser esvaziado completamente, ocorre o comportamento de guarda. Novos estudos experimentais serão necessários para compreender de que modo as ações comportamentais atuam no processo de seleção sexual desses insetos.