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Novo gênero de gafanhoto Ommatolampidinae (Orthoptera, Acridoidea, Acrididae) da Mata Atlântica do nordeste do Brasil, com complemento cromossômico - V Simpósio de Orthoptera - XXX Congresso Brasileir
A subfamília Ommatolampidinae inclui cerca de 100 gêneros e 280 espécies distribuídas exclusivamente na região Neotropical. A principal característica dos gafanhotos dessa subfamília é o mesonoto não visível, ou parcialmente visível na região posterior. O objetivo desse trabalho foi descrever um novo gênero pertencente ao grupo Ommatolampae Brunner von Wattenwyl, 1893 da tribo Ommatolampidini que ocorre em sub-bosque de Mata Atlântica, no estado de Alagoas, através de caracterização morfológica e cromossômica. Os espécimes foram coletados pelos integrantes do grupo de pesquisa “Biota de Orthoptera do Brasil”, em janeiro de 2013, por meio de busca ativa com rede de varredura, em arbustos de subosque de Mata Atlântica, às margens da estrada de acesso à "Estação Serra do Ouro", município de Murici (AL), 9°14'7.50"S - 35°50'10.40"O. Os espécimes foram triados e identificados no Laboratório de Entomologia da PUCRS. Fotografias e mensurações da cabeça, tórax e abdome, bem como dos escleritos fálicos foram obtidas com auxílio da Lupa Discovery V20 – Zeiss. Cinco machos adultos foram dissecados para a retirada dos testículos, os quais foram hipotonizados por 10 min em solução de KCl 0.075M, fixados em Carnoy I e corados com orceína lacto-acética 0,5%. O novo gênero está relacionado ao grupo que inclui Albrechtia, Episomacris, Stenelutracris, Eucosmetacris, entre outros, por compartilhar os olhos salientes, fastígio subtriangular com ápice truncado, pronoto sem carena mediana e com sulcos bem profundos; asas micrópteras. Porém, o novo gênero se distingue pelos palpos maxilares e labiais grandes, recurvados e com as extremidades amarelas; placa supranal subtriangular, com granulação nas regiões anterior e posterior; e presença de fúrcula ao longo de todo o último tergito. Machos e fêmeas apresentam coloração corporal verde-escura, se destacando nos machos a presença de três faixas amarelas nos tergitos abdominais 5-7. Os indivíduos apresentaram cariótipo com 2n = 23, X0, todos os cromossomos acrocêntricos, formando 11 pares de bivalentes na metáfase I, com os pares um e dois apresentando dois quiasmas intersticiais e um terminal; o par três, um quiasma intersticial e um terminal; os pares quatro, cinco e oito, um quiasma intersticial e um subterminal; o par seis, um quiasma intersticial; os pares sete, dez e onze, um quiasma subterminal; e o par nove, um quiasma terminal; em um dos cromossomos do par dois ocorre uma constrição elástica próxima ao centrômero. Pelo conjunto de características levantadas, concluímos tratar-se de um novo gênero de Ommatolampidinae para a ciência.