Apresentações
QUAL É O GRILO? UMA ABORDAGEM CIENTÍFICO/PEDAGÓGICA COMO ELEMENTO MOTIVADOR PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO - REJANE PETER - XXIII Congresso de Iniciação Científica da UFPel- 2014
QUAL É O GRILO? UMA ABORDAGEM CIENTÍFICO/PEDAGÓGICA COMO ELEMENTO MOTIVADOR PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO.
REJANE PETER1; DÉBORA BÄRWALDT DUTRA2; ELISA MACHADO MILACH3 FRANCELE DE ABREU CARLAN4; EDISON ZEFA5
1Universiade Federal de Pelotas – anne.sovage@hotmail.com
2Universidade Federal de Pelotas – dbarwaldtdutra@hotmail.com
3Universiade Federal de Pelotas – elisamilach@gmail.com
4Universiade Federal de Pelotas – francelecarlan@gmail.com
5Universiade Federal de Pelotas – edzefa@gmail.com
- INTRODUÇÃO
A universidade deve se apresentar viva aos alunos que pretendem fazer parte dela. É no espaço universitário que grandes transformações na vida e no mundo se processam. Conscientizar-se disso é parte fundamental para readquirirmos a auto-estima, cientes do valor e da responsabilidade social que temos no exercício de nosso trabalho (Oliveira, 2013).
O projeto "Qual é o Grilo" é uma proposta de ação científico-educativa que foi desenvolvida durante o segundo semestre de 2013, junto à Escola Estadual de Ensino Médio Santa Rita (E.E.E.M. Santa Rita), município de Pelotas, RS, incluindo uma proposta de atividade extencionista integrando o Projeto de pesquisa científica "Biota de Orthoptera do Brasil" ao curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (Laboratório de Orthoptera da UFPel), aos alunos da rede pública de ensino, com o propósito de difundir as atividades de pesquisa, construindo novos elementos multiplicadores do saber. As atividades de extensão possibilitam o contato entre os alunos da universidade e da escola pública, contribuindo para a troca de conhecimentos, pois segundo Freire (2013), quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender. A observação é um recurso de busca de informação simples, possível em qualquer realidade, mas enriquecedor. De acordo com o Parâmetro Curricular Nacional (PCN) esta permite a investigação do que se observam por meio de registros, desenhos ou socializações objetivando-se encontrar novas variantes. Este processo é guiado pelo professor que proporciona desafios ao mediar o olhar do aluno-observador (BRASIL, 1997).
O PCN sugere dois tipos de observações, o primeiro estabelece contato direto com o objeto estudado, e o outro é de contato direto com o trabalho em estudo do meio. Os estudos de animais, pouco acessíveis à população e com termos não presentes no dia-a-dia dos alunos, acaba causando grande desmotivação na aprendizagem de ciências, e alguns autores concordam que quando a Zoologia é abordada de forma integrativa com a Evolução, a Ecologia, Educação Ambiental, ou outras áreas (interdisciplinaridade) há interesse maior por parte dos alunos, e com isso o ensino se torna mais dinâmico (Araujo-de-Almeida, 2007).
Aulas e trabalhos por meio de projetos, que visam apresentar os fenômenos naturais em conjuntos com a busca de transformações do meio, favorecem a aprendizagem global e tornam-se contextualizados com a realidade dos alunos. (Brasil, 1997).
O objetivo desse trabalho foi integrar os alunos do ensino médio ao ambiente universitário, como estímulo à continuidade de seus estudos, oferecendo atividades práticas e teóricas possibilitando contato direto com processos de construção do conhecimento, a partir de métodos criativos e dinâmicos empregados no desenvolvimento da pesquisa científica.
2. METODOLOGIA
As atividades foram realizadas com 25 alunos do 3° ano do ensino médio da escola E.E.E.M Santa Rita, da cidade de Pelotas. O cronograma das atividades do projeto "Qual é o grilo?" foi apresentado aos alunos, seguido por uma palestra incluindo a história natural dos grilos, com inserções sobre as atividades desenvolvidas pelos integrantes do projeto "Biota de Orthoptera do Brasil" e suas implicações sociais e científicas. Os alunos foram organizados em cinco grupos com cinco integrantes cada, e um orientador responsável por coordenar as atividades. Foi realizada uma atividade de campo no pátio da escola para coletar insetos em arbustos e pastagens, os quais foram triados e fotografados pelos alunos no laboratório. Como resultado, criou-se um banco de imagens dos espécimes, e os discentes foram orientados sobre as características taxonômicas suficientes para distinguir as principais Ordens, com destaque aos Orthoptera (Grylloidea, Tettigonioidea e Acridoidea).
Após a coleta de material, cada grupo foi acompanhado pelo orientador e realizou as atividades específicas no Laboratório de Orthoptera da UFPel, incluindo a técnica de montagem de insetos, dissecação e morfologia interna, observação de cromossomos, bioacústica e comportamento, totalizando 4h por atividade. Os resultados foram fotografados e discutidos, e o material obtido apresentado na Feira de Ciências da Escola
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através de um questionário aberto realizado após o término das atividades com abordagem em três eixos principais, sendo eles o projeto, a universidade e o conhecimento, os alunos se expressaram de forma clara nas suas repostas.
A maioria dos alunos aprovou a realização do projeto, mostrando-se interessados em participar de novas edições. Além disto apontaram as atividades desenvolvidas como elemento motivador em suas decisões futuras para continuidade de seus estudos. A produção de armadilhas e a coleta dos insetos no pátio do colégio foram as atividades mais citadas no processo de avaliação, e os alunos ressaltaram que nenhuma atividade prática havia sido desenvolvida no colégio até então. Isso ressalta a importância das atividades práticas como elemento motivador (GIORDAN & VECCHI 1996).
Houve inicialmente grande interesse dos alunos em participar da visualização dos cromossomos, provavelmente pela associação dessa área com "experiências científicas" difundidas exaustivamente pelos diferentes meios de comunicação. Porém as expectativas foram minimizadas pelas atividades práticas, pois envolvem processos de divisão celular vistos ao microscópio óptico que são relativamente monótonos para quem não detém o conhecimento teórico do assunto.
Quando os alunos foram questionados com relação a universidade, relataram como se sentiram “importantes”, pois perceberam sua valorização através do tratamento a eles despendido pelos professores, graduandos e técnicos de laboratórios. Um dos alunos relatou “A, foi diferente néh, me senti como um “bixo” parecia que a gente arrecem havia entrado pra facul.”
Os alunos relataram de modo geral, que o ambiente universitário estava dentro de suas expectativas, com organização diferente do colégio, incluindo muitos laboratórios e salas de aulas distribuídas por todo o campus. Diante dessa perspectiva, mostraram-se muito interessados em ingressar na universidade futuramente.
Os alunos relataram que a linguagem utilizada pelos orientadores foi um elemento facilitador para a compreensão dos assuntos trabalhados, pois permitiu a compreensão e possibilitou a execução das tarefas com relativa facilidade. Além disto eles perceberam que o projeto contribuiu para seu aprendizado sobre os temas abordados, como o entendimento sobre cromossomos, o motivo dos grilos emitirem sinais acústicos e a complexidade dos estrutural dos insetos. Um dos alunos relatou “eu não tinha ideia era tão incrível aqueles bichinhos. Que eles eram tão complexos, não vou mais subestimá-los.”
Um dos critérios levantados pelos participantes foi com relação ao tempo de execução do projeto, pois gostariam de ter tido mais tempo e que todos pudesse tem realizado todas as atividades, e não apenas uma delas.
4. CONCLUSÕES
A interação entre alunos, graduandos, e profissionais foi benéfica, se por um lado os alunos sentiram-se gratificados pelas informações obtidas, os demais mostraram-se valorizados em suas atividades, conscientizando-se da importância da universidade quando se depararam com jovens que anseiam em sua maioria fazer parte desta. Cumprimos assim, nosso papel como facilitadores e integradores, entre alunos do ensino médio e a universidade, oferecendo atividades práticas e teóricas, possibilitando contato direto com processos de construção do conhecimento, a partir de métodos criativos e dinâmicos empregados no desenvolvimento da pesquisa científica.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO-DE-ALMEIDA, E. Modelagem de cladogramas tridimensionais e aprendizagem de conceitos em Sistemática Filogenética. In: Anais do VI Colóquio Nacional em Epistemologia das Ciências da Educação. Natal: IV CNECE, 2007.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. 137p.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Editora Paz &Terra. Edição 44 2013
GIORDAN A; VECCHI, G. Do Saber: das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 1996, 222p.